segunda-feira, 25 de junho de 2007

Peixinhos Dourados.

Esse é grande...mas acho que vale a pena ler até o final.

A vida anda muito fácil de sete anos pra cá. Por mais incoerente e paradoxal seja, há uma banalização profunda quanto ao modo de viver da sociedade. Não existe uma grande causa, não existem conflitos nesse país. Somos cegos, mudos e surdos em busca de uma resposta deitados na cama, zapeando os canais. E que canais são esses, que servem pra promover a imagem de zés-ninguém em que o objetivo primordial é apenas a fama e mais nada? Antes a celebridade tinha um custo que era o de fazer algo notável. Assim foram Ruy Barbosa, Santos Dumont, Chico Mendes, Sílvio Santos, Didí, Dedé, Mussum e Zacarias. Hoje qualquer um pode cair na graça de aparecer no Big Brother, passar-se por bom rapaz, ficar até o final do programa, ganhar um milhão, sair do programa, namorar a gostosona, romper com a gostosona e cair no ostracismo. Tudo isso tão rápido quanto essa frase. A mídia, que antes prestava ótimos serviços à comunicação, corre o risco de virar um trampolim para a auto-afirmação. Ser famoso é bom pro ego.
Mas o problema não acaba aí. Vivemos num mundo de cachorros com o rabo entre as pernas. Se você para uma pessoa na rua e dá um oi, ela vai achar muito estranho, passar de você e andar mais rápido do que andava antes. No ônibus, se você fala “licença” mais alto, todo mundo olha pra você com uma cara de “quem é esse louco?”. Todos têm medo de todo mundo e uma eventual socialização já é praticamente nula.
A moda tem transviado a juventude mais precocemente do que antes. Nos anos cinqüenta era necessário que a moça se casasse virgem; Nos setenta, se ela tivesse perdido a virgindade com o rapaz que iria se casar futuramente não era bom, mas era plausível. Hoje em dia o que é a virgindade? Menina beija a boca de outra menina, mas não por sentimento. É moda. Usam drogas compulsivamente, mas não pra sair da realidade que dói. Só é moda. Lêem filósofos do leste europeu, mas não pra atribuir à bagagem cultural ou adquirir conceitos. Moda. Essa brincadeira de ser diferente apenas generaliza os sujeitos. O diferente está virando o genérico e o bicho-grilo agora é hype.
Não temos uma literatura decente. Os romances policiais tomaram conta da mente dos escritores. Dá dinheiro. Na atualidade nada é feito de coração, por uma boa causa. Tudo envolve dinheiro. Liga-se pra dupla sertaneja famosa e pede pra tocar no “Criança Esperança” e os rapazes ainda tem o despautério de puxar assunto sobre o cachê. E a boa vontade que é boa foi deletada da sociedade assim como a virgindade. Nem o nosso futebol se salva. Mas se desse uma fazendinha, um milhãozinho pra cada jogador por peleja vestindo a canarinho o futebol-arte seria redescoberto. Uma das maiores controvérsias na minha concepção é o emblema do partido político do nosso atual presidente, uma estrela vermelha. Um partido com um logo tão forte, mas que nem com uma fazendinha ou um milhãozinho conseguem redescobrir a política-arte. Segundo o conceito que a estrela vermelha simboliza, todo o capital deveria ser estatal e se pensarmos assim é, de fato, o que acontece. O dinheiro é do Estado, do político. Mas em vez de parar no bolso da população ele para na roupa de baixo do alto escalão. Até rimou, assim como “político ladrão, porrada é a solução” rima também.
A música, coitada, mais uma banalizada. Antes esperávamos um, dois ou até três anos para ouvir o próximo álbum da banda favorita. Hoje o que nos separa desse novo álbum é um, dois ou até três cliques no mouse. Alguns músicos que fazem parte do seleto grupo que fazem por que amam vêem suas músicas serem jogadas dentro de um dispositivo com outras mil. Doloroso, mas compreensível. A vida anda muito fácil mesmo.
O próprio amor não fica de fora dessa praga. Tem gente que fala “eu te amo” pra um poste e é capaz que ele seja recíproco. Casamentos duram tempo suficiente para que se arrume toda a papelada do divórcio e a conversa habitual dos filhos é: “Mamãe vai separar.”, no que o outro responde incrédulo “De novo?”. O amor livre, saudoso nos anos setenta e oitenta hoje ficou distorcido. O que era coração de mãe, hoje é coração de jovem. O que por um lado não é um grande problema, já que o jovem tem mesmo é que se divertir. Mas creio que seremos uma geração de eternos jovens que cedo ou tarde acabarão com todos os valores que realmente faziam sentido. Participamos do mundo moderno e o mundo moderno é a antítese do mundo tradicional. Não existe mais tradição. Novos conceitos são inventados a cada minuto e o que hoje está na boca do povo, amanhã estava. A memória de um peixinho dourado é de um segundo e minha geração é um cardume de peixinhos dourados.
Mas entre mortos e feridos há ao menos a esperança. Temos Seu Jorge, Ana Carolina, Cachorro Grande, o Cinema Novíssimo Brasileiro, que apesar de ter se vendido é competente, essas mulherzinhas socialistas, que não vão fazer nada de diferente, mas já considero um caminho e até as novelas melhoraram. Antes existia um núcleo principal, do casalzinho apaixonado, que enfrentava todos os revezes até o último episódio, onde casavam e viviam felizes para sempre. O núcleo engraçadinho da periferia, que representava a ala do “gente-como-a-gente” na trama. E o núcleo do “só me ferro o tempo todo, mas isso um dia vai mudar”, que a denominação não exige explicações. No final os bonzinhos alcançavam a glória eterna e os vilões iam pro saco ou iriam suportar o “pão que o diabo amassou”. Hoje não. Todos interagem com todos e cada capítulo parece o último. Tudo escrito de forma inteligente e com um quê de série americana. Os autores ficaram mais autônomos e mais cheios de si. Sumiu a inibição da criatividade. Descobriram que o brasileiro não é burro.
O brasileiro é um desiludido que cansou de reclamar de tanta palhaçada. Somos todos cansados. Mas na verdade não existe luz no final do túnel, a luz percorre o túnel inteiro. Só precisamos achar o interruptor.



Obs: Gostei desse.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Análise um.

Esse texto é levemente direcionado. Não espero analysis on analysis dele. Mas qualquer tentativa é bem vinda.

Vou contar a história de uma amiga do colégio primeiramente. É interessante pra mim. Não sei pra vocês.

Tive contato visual com ela no primeiro dia de aula, mas demoramos a conversar. O que foi ótimo, já que pude observar o comportamento de todos em relação à ela. Se conversassemos num primeiro momento estragaria toda a essência do meu pensamento.
Ela era a garota mais atraente da sala, era fato. E dada a atitude dela, isso tornou-se um agravante. Todos os rapazes que eu tinha contato inevitavelmente adquiriram um certo pré-conceito quanto à ela. O que era de se esperar, já que ela não fazia questão de mostrar o que havia dentro dela. E também não acho que fosse necessário. Só se ela estivesse a par do que acontecia no paralelo, mas provavelmente não era o caso.
Depois de algum tempo, ela mostrou à que veio. Mostrou-se inteligente demais até, tornando a situação pior ainda. O que antes era um pré-conceito do tipo "olha essa gostosa arrogante" virou um medo na idéia de "ela é gostosa e sabe disso". Eu a achava atraente, confesso, mas sua imagem foi tão saturada que perdi o interesse. Dois terços dos comentários masculinos eram dedicados à ela, o que até ficou chato. Mas virou um hobby geral imaginar, fantasiar e botar defeitos. O que não concordo que seja uma atitude madura, já que a essa altura ela demonstrava os primeiros passos de socialização. Então o pré-conceito virou julgamento.
Independente disso, o jovem é cabeça-dura e a primeira imagem é a que fica. O que no cenário foi um problema, pois apesar de passar inconscientemente a segurança de que não era exatamente o que achavam que era, os comentários não cessaram. Eles ainda tinham medo.
O que eu não aguento são moleques que não conseguem conviver com mulheres que são explicitamente mais articuladas e comunicativas do que eles. Então eles criticam à vontade para que por um instante determinada pessoa seja menor do que eles. É um golpe baixo, já que vem pelas costas.

Por quê a mulher tem que ser a burrinha e o homem tem que roubar a cena? Existe tanta insegurança assim? Será a mulher apenas uma macaca de auditório para rir das piadas sem graça que os homens dizem? Não...mas eles preferem assim.

Essa situação mudou e, talvez por terem se acostumado ao quadro, tal atitude foi levada à irrelevância. Ela era um amor e a príncipio ninguém sabia disso. O pré-conceito foi maior. Mas não durou muito tempo. Seria melhor se ele não tivesse existido. Adoro a palavra se. Gosto de pensar nas possibilidades que foram descartadas e por quê foram descartadas.
Nesse caso foi descartada porquê à princípio, a aparência falou bem mais alto. Porém, o cartão de visitas não fecha contrato. E ela sabia disso.

Acabei dando uma certa generalizada, o que em muitos casos é um erro. Então prefiro dizer que existem homens assim. Não todos. Mas quase todos.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Pessoas bonitas.

Torço profundamente por quem é extremamente agraciado fisicamente. São pessoas que tem que mostrar seu valor a todo momento. Há uma luta constante para que elas não sejam vulgarizadas ou banalizadas. É a eterna corrida do "eu não sou só mais um rostinho bonitinho" contra o "meu rosto e meu corpo me levam aonde eu quiser".
A ditadura da beleza é um agravante para essa situação já que milhares de menininhas e menininhos sonham em ficar ricos através do seu diferencial. É, de fato, um caminho fácil. E perigoso, já que viver da própria imagem não é algo lá muito digno. Pra cair nas garras do "vou utilizar sua imagem até o fim" é daqui para alí.

A questão é que chegar para essas pessoas é simples. Sair é mais complicado.

Adoro essa frase. Gosto de explicá-la com outra reflexão: Se o bonito chega na balada em qualquer menininha mais desatenta ele ganha por nocaute. Garante a noite, mas não garante a noite de amanhã. Afinal, ele não precisou falar muita coisa pra arrastar a guria pra onde ele quis. O problema é o amanhã. Se ele não provar que ele é uma boa pessoa, que sabe conversar, que é inteligente e tudo isso que é exigido de alguém para que ela passe mais de um dia com a pessoa escolhida, corre o risco de virar mais um.
O feio tem um caminho muito mais dedicado a percorrer. Ele ganha por pontos. Chega na menininha e fisicamente ele realmente não agrada. Mas se houver espaço pro primeiro round, ele se esforça até o último pra mostrar, logo na primeira noite, que ele é digno de dois ou mais dias. Ele garante o jabá dele alí. No papo, na comédia e na articulação.
O bonito ganha por nocaute e o feio por pontos. E os dois sabem bem disso. Tanto que o bonito não se esforça muito num diálogo. Ele chega chegando e acabou. Confia no taco dele. Mas numa batalha quem tende a se sair melhor é o feio. E ele merece. O feio não é o pegador. Ele é o cara pra namorar.
Ambos tem que mostrar sua inteligência por diferentes caminhos. Sempre vai ser mais difícil praquele que não tem uma ótima imagem. Mas o resultado é melhor. Meu conselho é para que essas pessoas tão bonitas percebam que elas não são deuses. Elas pertencem a esse mundo e o pé delas continua nesse chão. Somos todos iguais e o que difere no final é o intelecto e não o formato dos quadris. Quanto mais feio você é, mais inteligente você tem que demonstrar ser. Para cada quilo a mais, vá ler um livro. Quanto mais bonito você é, mais inteligente você tem que demonstrar ser. Para cada elogio a mais, vá ler dois livros... sua imagem ajuda, mas as vezes pode até te atrapalhar. A bonita é convencida. Ela sabe que agrada aos olhos e torna-se arrogante. Pra quê? Ela simplesmente cria uma barreira entre ela e as pessoas interessantes. Deixe-se levar por coisas notáveis e não por algo que tende ao esquecimento com o tempo. Você não vai ser bonita pro resto da vida, te garanto.
Nesse mundo onde a imagem é apenas ilustração porquê se montar em cima disso? Mostre o seu talento. Não se esconda atrás de sua silhueta. Você sabe que é muito mais que isso.


Post babaca...mas que precisava ser escrito.

domingo, 3 de junho de 2007

Segundo e terceiro desabafos.

Domingo pra segunda. A melhor hora que um vagabundo como eu arruma pra escrever.



No começo da nossa relação eu a tratava como uma colega, conhecida. Oi e tchau. Passou um tempo e conheci amigos que a conheciam também. Então o contato passou a ser mais frequente. Me achava o máximo ao lado dela. Era uma ótima amiga. Me compreendia, entendia meus problemas...passei a ter uma visão diferente sobre diversos assuntos. Me esclareceu muita coisa. Muitas dúvidas já não eram dúvidas. Tinha certeza de tudo.
Com o tempo passamos a nos ver todos os dias, nem que fosse pra conversar cinco minutinhos. Sempre esteve presente nas piores horas. A menina virou um vício na minha vida.
Com tudo o que ela me falava, comecei a ficar angustiado. E como falava! E passou a me atormentar tudo o que ela dizia. Mas eu não tava nem aí. Continuávamos a nos ver porquê achava que me fazia bem.
Porra nenhuma! A maldita me comia por dentro. E eu deixava. Era bem inocente e não percebia as coisas boas que perdia. Andar em companhia dela fez-me perder muitas outras verdadeiras amizades. De repente, praticamente todo o núcleo que eu fazia parte era o núcleo que ela fazia parte. Daí veio a sacada. Ela me fazia mal, eu perdia bons momentos só de passear com ela. De uma hora pra outra ela virou a grande vilã. Minha vida ficou nublada e o que realmente interessava ficou em segundo plano. Eu perdi o equilíbrio e o chão. Então resolvi cortar relações.

Retomei minha vida. E encaro esse período de convivência com a guria uma pausa. Não digo que só momentos ruins aconteceram, seria hipocrisia. Devo à ela e considero destino que nossas vidas tenham se cruzado. Desejo à ela toda a sorte do mundo e quero mais é que ela seja feliz...longe de mim.

Qualquer pessoa que é tratada por você de forma compulsiva torna-se vil. A idéia é não mergulhar de cabeça, não confiar plenamente em ninguém. Ninguém dá a própria para que você não caia, só em filmes ruins. Você depende só de você mesmo e eu vou morrer falando isso.

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Nosso sentimento precisa muito ser reavaliado. Nossas diferenças são muito diferentes, o que só piora a situação já que nunca há compreensão de nenhuma das partes. O fogo que havia aumentou, mas tenho medo que ele seja dependente da atual situação. Pela primeira vez, posso ter certeza que tenho medo do que me espera. Somos maiores do que julgam, porém menores do que nos julgamos. Não é necessário que melhore. É necessário que mude. Tem que ser diferente. Outro caminho. Quero que antes de tudo saiba mesmo o que é bom pra você.. Acho que o caminho que escolhemos não foi o certo. Mas ainda há muito tempo sobrando pra que a gente ache o certo. E podemos errar de novo, de novo e de novo. É nosso direito. Mas nosso capítulo não acaba aqui. Preciso me descobrir.
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(Tami, escrever o que eu falei que ia escrever podia tornar-se perigoso. Preferi pular.)

Até mais.